quinta-feira, 25 de junho de 2015


ERA UMA MANHÃ DE SOL.
JOMAR LUCAS BEZERRA - JUNHO 2015
 Era uma manhã de sol, na praia, em um sábado normal.  Mais de repente, soprou um vento forte, com areia, levando sombrinhas, papeis, roupas e uma correria para pegar as coisas. E eu como não tinha nada para levar fiquei quieto, esperando o vento passar. Mas, de repente, mais que de repente veio um jornal e tampou a minha cara. Segurei o jornal. O vento foi passando e olhei a data do jornal 10 de fevereiro de 1963.  Era o jornal do dia. Comecei a ler o pedaço do jornal e me deparei com um anuncio que dizia: “inscrição e prova de avaliação para bolsa de estudo para Medicina Veterinária, Agrônomia e Geólogio. Ultimo dia da inscrição dia 13 e prova de seleção dia 17 de fevereiro.”.
Refleti sobre o anuncio e minha situação. Acabei o nível médio, não tinha me decidi o que fazer, pois minha situação financeira não me permitia cursar nível superior e agora vem esta oportunidade trazida pelo vento. Este é um sinal.  Mas será que dar tempo para preparar a documentação para a inscrição que já é segunda feira? Será que eu tenho qualidades e conhecimentos para fazer a avaliação. Os pensamentos rodaram em minha cabeça. Indecisão. Vou arriscar não tenho nada a perder.
Fiquei em silencio não falei com ninguém, sobre o acontecido, com medo que alguém pusesse água na fogueira.
Segunda feira cedo, peguei a relação dos documentos e corri para consegui-lo. No meio do dia não tinha conseguido a metade. Passei a tarde batalhando, correndo contra o tempo e na ultima hora consegui toda a documentação e me escrevi em Medicina Veterinária, coisa que eu nunca tinha pensado em fazer
Ate o dia da prova de seleção foi uma longa espera. Parecia que sexta feira não chegava. Mas chegou.
Fiz a prova de seleção que constava de teste de conhecimento geral e uma bateria de dinâmicas psicológica que eu não esperava que uma seleção pudesse ter. para mim aquilo era uma novidade.
Outra longa espera. O resultado sairia em vinte dias.
Passei. Não sei por quê. Tinha pessoas que eu achava que era melhor que eu e não passou. Passaram somente seis pessoas. O que eu tinha de diferencial?
Nessa época eu morava em Natal e essa bolsa de estudo era para fazer o curso em Recife. O melhor e que fui informado que a bolsa era integral. Alem do estudo eu teria um valor mensal para me manter. Fiquei sabendo também que alem da faculdade eu teria aulas extras de conhecimentos gerais e a obrigação de participar de eventos culturais como teatro, cinema, exposições artísticas.
  A verdade que levei um banho de cultura e minha mente se abriu para um mundo muito maior que eu imaginava.
Fiquei sabendo também que este era um programa do governo que preparava lideranças para o desenvolvimento do nordeste. Por isso todo este preparo.
Cursei quatro anos de faculdade juntamente com estas aulas de cultura, mas, no ultimo ano em 1969 tudo mudou. Veio a Revolução de 69. Todos que tinham bolsa foram chamados e entrevistados e de certa forma dizendo “estamos de olho”. As atividades culturais acabaram.
 A verdade e que esta historia foi um marco em minha vida. Abriu meios horizontes para uma nova vida.  Hoje, agradeço o universo pela ventania que me mandou uma oportunidade.

JOMAR – JUNHO – 2015

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